sábado, 14 de novembro de 2009

Minha alma...


Minha alma tem o peso da luz.
Tem o peso da música.
Tem o peso da palavra nunca dita, prestes quem sabe a ser dita.
Tem o peso de uma lembrança.
Tem o peso de uma saudade.
Tem o peso de um olhar.
Pesa como pesa uma ausência.
E a lágrima que não se chorou.
Tem o imaterial peso da solidão no meio de outros.

[ Clarisse Lispector ]

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Que maravilha...



Lá fora está chovendo
Mas assim mesmo
Eu vou correndo
Só prá ver o meu amor
Ela vem toda de branco
Toda molhada
E despenteada
Que Maravilha
Que coisa linda
Que é o meu amor...

Por entre bancários
Automóveis
Ruas e avenidas
Milhões de buzinas
Tocando sem cessar...

Ela vem chegando de branco
Meiga, linda, pura
E muito tímida
Com a chuva molhando
Seu corpo
Que eu vou abraçar...

E a gente no meio da rua
Do mundo, no meio da chuva
A girar!
Que Maravilha!
A girar!
Que Maravilha!
A girar!
Que Maravilha!...

Lá fora está chovendo
Mas assim mesmo
Eu vou correndo
Só prá ver o meu amor
Ela vem toda de branco
Toda molhada
E despenteada
Que Maravilha
Que coisa linda
Que é o meu amor...


[ Toquinho ]


[ um amigo especial me mandou a letra, gostei e postei... ]

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Do tamanho do que vejo...

Onde você vê um obstáculo,
alguém vê o término da viagem
e o outro vê uma chance de crescer.

Onde você vê um motivo pra se irritar,
Alguém vê a tragédia total
E o outro vê uma prova para sua paciência.

Onde você vê a morte,
Alguém vê o fim
E o outro vê o começo de uma nova etapa...
Onde você vê a fortuna,
Alguém vê a riqueza material
E o outro pode encontrar por trás de tudo, a dor e a miséria total.

Onde você vê a teimosia,
Alguém vê a ignorância,
Um outro compreende as limitações do companheiro,
Percebendo que cada qual caminha em seu próprio passo.

E que é inútil querer apressar o passo do outro,
a não ser que ele deseje isso.
Cada qual vê o que quer, pode ou consegue enxergar.

Porque eu sou do tamanho do que vejo.
e não do tamanho da minha altura.

[ Fernando Pessoa ]

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Eu sei, mas não devia...

Eu sei que a gente se acostuma.
Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor.
E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora.
E porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas.
E porque não abre as cortinas logo se acostuma a acender cedo a luz.
E a medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora.
A tomar o café correndo porque está atrasado.
A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem.
A comer sanduíche porque não dá para almoçar.
A sair do trabalho porque já é noite.
A cochilar no ônibus porque está cansado.
A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita.
E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar.
E a pagar mais do que as coisas valem.
E a saber que cada vez pagará mais.
E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.
A gente se acostuma à poluição.
Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro.
À luz artificial de ligeiro tremor.
Ao choque que os olhos levam na luz natural.
Às bactérias de água potável.
A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer.
Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá.
Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo.
Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço.
Se o trabalho está duro a gente se consola pensando no fim de semana.
E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.
A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele.
Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para poupar o peito.
A gente se acostuma para poupar a vida.
Que aos poucos se gasta, e que gasta de tanto se acostumar, e se perde de si mesma.

[ Marina Colassanti ]

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

O amor poderia estar mais perto do que se imagina...


Maria Flor e Gabriel eram amigos de muitos anos, um sabia tudo sobre a vida do outro como se fosse a sua própria vida. Flor, sempre com um sorriso simpático e um olhar meigo, era delicada e pálida como o luar. Gabriel era tímido, tinha os cabelos escuros como a noite e os olhos verdes como as águas do mar e era capaz de ficar horas, apenas olhando para Flor. Tinham sem duvida alguma, para aqueles que os conheciam, a amizade mais calorosa, e mais bela que já se tinha visto. Gabriel nunca teve ninguém, nenhum romance, nenhuma namorada. Flor já havia se apaixonado inúmeras vezes, porém, nunca ninguém a fez feliz, como ela sonhara um dia ser. Estava namorando, seu namorado se chamava Claudio. Era um rapaz elegante, muito bonito, porem lhe faltava algo, era extremamente sério, faltava-lhe a alegria e a simplicidade.

Gabriel um dia, enquanto andava pela praça, sentindo a brisa do outono, avistou Flor entra as roseiras, em lagrimas, e dor. Correu até ela, e perguntou-lhe o que havia acontecido, porque chorava com tanta dor. E ela, olhou no fundo daqueles olhos verdes e respondeu-lhe:

- Sempre sonhei com uma história singela de amor, mais nunca tive um final feliz com alguém. Procurei-me nos olhos de Claudio e não me encontrei, descobri então que não o amava e nem ele à mim. Eu só queria ser especial para alguém e ter alguém para poder dizer à ele, o quanto é especial para mim.

Gabriel olhou em seus olhos, segurou em suas mãos e disse-lhe:

-Não chores e não tema, não desista de encontrar o amor verdadeiro, ele pode estar mais perto do que se imagina, e ele nunca a abandonara. Sempre estarei com você !

Gabriel abriu seus braços e aconchegou Flor em seu peito, nesse momento caiu uma lágrima de seus olhos, molhando os cabelos de Flor. Flor se sentiu completamente em paz, se despediu de seu amigo e foi para casa.

No dia seguinte, foi até a casa de Gabriel para agradecer-lhe mais uma vez, mais não encontrou ninguém. A casa estava silenciosa e vazia. Correu de volta até sua casa, foi até a cozinha e encontrou sua mãe sentada a mesa com um envelope nas mãos com seu nome. Sua mãe lhe entregou a carta, beijou sua testa e foi para o quarto. Flor sentou-se, abriu a carta e começou a ler. A carta dizia:

- Maria Flor, vivi com você as melhores coisas da minha vida. As melhores aventuras, e as melhores histórias. Todos os milésimos de segundos que passei ao seu lado estão guardados em meu coração. Precisava dizer uma coisa muito importante à você ontem, mais não consegui, faltou-me coragem. Lembra quando te disse naquela praça, que o amor poderia estar mais perto do que se imagina? Então... ele estava segurando em tuas mão naquele momento. E como eu disse, ele nunca te abandonara. Te amei em todas as coisas, em todos os momentos e em todas as brincadeiras. Tenho guardado em minha memória todos os perfumes que usou, o jeito que mexia no cabelo, as covinhas no teu rosto, e o jeito como seus olhos ficavam pequenos quando sorria. Estive ao teu lado em todos os momentos da sua vida, e sempre estarei. Eu te amo como nunca, te amo como ninguém, e sempre te amarei. Mais sinto em dizer-te que tive que partir com minha família pela manha, e que ficarei longe por algum tempo. Mais não deixe de acreditar no amor, não deixe de acreditar no meu amor por você. Espera-me, e eu voltarei. Trarei comigo o amor que tanto esperou. Mandarei mais noticias em breve...Com todo o amor que um homem pode ter por uma mulher...
Gabriel ♥

Flor ficou mais pálida do que de costume, estremeceu. Não pode conter as lágrimas ao perceber que nunca conseguiu ser feliz porque nunca havia enxergado o amor, nunca percebeu que quem ela mais amava, a pessoa mais importante da sua vida, estava sempre ao seu lado, nas horas tristes e nas horas alegres. Tomou a decisão mais importante de sua vida... Decidiu esperar...esperar o tempo que fosse...e realmente...ela esperou !

Nos enganamos muitas vezes à procura do amor, e as vezes até pensamos em desistir. E na maioria delas, olhamos além das montanhas, sem antes olhar ao nosso redor, e para dentro do nosso coração. Não importa o quanto tenha sofrido em busca do amor, nunca desista de encontrá-lo, pois se não fossem os enganos, como saberíamos quando realmente é de verdade?

P.S.: Amei esse texto que foi escrito pela minha prima querida Érica Moreira.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Erótico...

Satânico é meu pensamento a teu respeito,
e ardente é o meu desejo
de apertar-te em minha mão,
numa sede de vingança incontestável pelo
que me fizeste ontem.

A noite era quente e calma e eu estava em minha
cama, quando, sorrateiramente,
te aproximaste.
Encostaste o teu corpo
sem roupa no meu corpo nu, sem o mínimo pudor!

Percebendo minha
aparente indiferença,
aconchegaste-te a mim e
mordeste-me sem escrúpulos.
Até nos mais íntimos lugares.

Eu adormeci.

Hoje quando acordei,
procurei-te numa ânsia ardente,
mas em vão.
Deixaste em meu corpo e no lençol,
provas irrefutáveis do que entre nós ocorreu
durante a noite.

Esta noite recolho-me mais cedo,
para na mesma cama te esperar.
Quando chegares,
quero te agarrar com avidez e força.
Quero te apertar
com todas as forças de minhas mãos.

Só descansarei quando vir
sair o sangue quente do seu corpo.
Só assim, livrar-me-ei de ti,

pernilongo Filho da Puta!


[ Carlos Drummond de Andrade ]

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

É proibido...

É proíbido chorar sem aprender,
Levantar-se um dia sem saber o que fazer,
Ter medo de suas lembranças.

É proíbido não rir dos problemas,
Não lutar pelo que se quer,
Abandonar tudo por medo,
Não transformar sonhos em realidade.

É proíbido não demonstrar amor
Fazer com que alguém pague por tuas dúvidas e mau-humor.

É proíbido deixar os amigos,
Não tentar compreender o que viveram juntos,
Chamá-los somente quando necessita deles.

É proíbido não ser você mesmo diante das pessoas,
Fingir que elas não te importam,
Ser gentil só para que se lembrem de você,
Esquecer aqueles que gostam de você.

É proíbido não fazer as coisas por si mesmo,
Não crer em Deus e fazer seu destino,
Ter medo da vida e de seus compromissos,
Não viver cada dia como se fosse um último suspiro.

É proíbido sentir saudades de alguém sem se alegrar.
Esquecer seus olhos, seu sorriso, só porque seus caminhos se desencontraram,
Esquecer seu passado e pagá-lo com seu presente.

É proíbido não tentar compreender as pessoas,
Pensar que as vidas deles valem mais que a sua,
Não saber que cada um tem seu caminho e sua sorte.

É proíbido não criar sua história,
Deixar de dar graças a Deus por sua vida,
Não ter um momento para quem necessita de você,
Não compreender que o que a vida te dá, também te tira.

É proíibido não buscar a felicidade,
Não viver sua vida com uma atitude positiva,
Não pensar que podemos ser melhores,
Não sentir que sem você este mundo não seria igual.

[Pablo Neruda]

sábado, 12 de setembro de 2009

Se a gente...



Poww!!
E depois ainda dizem que mulher é que é complicada...
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[ Recebido por email de um amigo ]