terça-feira, 27 de setembro de 2011

Cantiga paralelística


Ondas da prais onde vos vi,
Olhos verdes sem dó de mim,
Ai Avatlântica!

Ondas da praia onde morais,
Olhos verdes intersexuais,
Ai Avatlântica!

Olhos verdes sem dó de mim,
Olhos verdes, de ondas secas sem fim,
Ai Avatlântica!

Olhos verdes, de ondas sem dó,
Por quem me rompo, exausto e só,
Ai Avatlântica!

Olhos verdes, de ondas sem fim,
Por quem eu jurei de vos possuir,
Ai Avatlântica!

Olhos verdes sem lei nem rei,
Por quem eu juro vos esquecer,
Ai Avatlântica!

(Manuel Bandeira)

domingo, 18 de setembro de 2011

Alimento da alma

Eu tenho preguiça de quem não comete erros. Tenho profundo sono de quem prefere o morno.
Eu gosto do risco. Dos que arriscam. Tenho admiração nata por quem segue o coração.
Eu acredito nas pessoas livres. Liberdade de ser. Coragem boa de se mostrar. Dar a cara a tapa!
Ser louca, estranha, chata! Eu sou assim. Tenho um milhão de defeitos. Sou volúvel. Sou viciada em gente.
Adoro ficar sozinha. Mas eu vivo para sentir. Por isso, eu te peço.
Me provoque. Me beije a boca. Me desafie. Me tire do sério. Me tire do tédio. Vire meu mundo do avesso!
Mas, pelo amor de Deus, me faça sentir… Um beliscãozinho que for, me dê.
Eu quero rir até a barriga doer. Chorar e ficar com cara de sapo.
Este é o meu alimento: palavras para uma alma com fome.

sábado, 17 de setembro de 2011

Ausência...


Estou aqui e eu amo você. 
Sempre amei você e sempre amarei. 
Fiquei pensando em você, vendo seu rosto em minha mente, durante cada segundo que me ausentei...

(Edward diz pra Bella quando ele volta, no livro Lua Nova - Stephenie Meyer)

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Bagunça da vida


A gente finge que arruma o guarda-roupa, arruma o quarto, arruma a bagunça. Tira aquele tanto de coisa que não serve, porque ocupar espaço com coisas velhas não dá.

As coisas novas querem entrar, tanta coisa bonita nas lojas por aí. Mas a gente nunca tira tudo. Sempre as esconde aqui, esconde ali, finge para si mesmo que ainda serve. A gente sabe. Que tá curto, pequeno, apertado. 

É que a gente queria tanto. Tanto...

Acredito que arrumar a bagunça da vida é como arrumar a bagunça do quarto. Tirar tudo, rever roupas e sapatos, experimentar e ver o que ainda serve, jogar fora algumas coisas, outras separar para doação. Isso pode servir melhor para outra pessoa. 

Hora de deixar ir. Alguém precisa mais do que você. Se livrar. Deixar pra trás. Algumas coisas não servem mais. Você sabe. Chega. Porque guardar roupa velha dentro da gaveta é como ocupar o coração com alguém que não lhe serve. Perca de espaço, tempo, paciência e sentimento. Tem tanta gente interessante por aí querendo entrar. 

Deixa...

Deixa entrar: na vida, no coração, na cabeça.

(Caio Fernando Abreu)

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Não importa...

"Não importa o tempo, a ausência, os adiamentos, as distâncias, as impossibilidades. 
Quando há afinidade, qualquer reencontro retoma a relação, o diálogo, a conversa, o afeto no exato ponto em que foi interrompido."

[Artur de Távola]

sábado, 10 de setembro de 2011

Uma pessoa

Sou pessoa de dentro pra fora.
Minha beleza está na minha essência e no meu caráter.
Acredito em sonhos, não em utopia.
Mas quando sonho, sonho alto.
Estou aqui é pra viver, cair, aprender, levantar e seguir em frente.
Sou isso hoje…
Amanhã, já me reinventei.
Reinvento-me sempre que a vida pede um pouco mais de mim.
Sou complexa, sou mistura, sou mulher com cara de menina…
E vice-versa.
Me perco, me procuro e me acho.
E quando necessário, enlouqueço e deixo rolar…
Não me doo pela metade, não sou tua meio amiga nem teu quase amor.
Ou sou tudo ou sou nada.
Não suporto meio termos.
Sou boba, mas não sou burra.
Ingênua, mas não santa.
Sou pessoa de riso fácil, mas choro também.

[Tati Bernardi]

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Reencontro

E outra coisa: não se esforce. Pelo menos, não tanto. Não fique ai remando contra a maré, dando murro em ponta de faca. Veja: se não fora pra ser, não vai ser. Acredite em mim. 
Coisa boba essa sua tentativa de ir além. 
E olha, eu não estou pedindo pra você desistir não, não é isso. Eu só quero que você pense mais… que tenha argumentos melhores. 
Penso sempre que um dia a gente vai se encontrar de novo, e que então tudo vai ser mais claro, que não vai mais haver medo nem coisas falsas. Há uma porção de coisas minhas que você não sabe, e que precisaria saber para compreender todas as vezes que fugi de você e voltei e tornei a fugir. 
São coisas difíceis de serem contadas, mais difíceis talvez de serem compreendidas. Se um dia a gente se encontrar de novo, em amor, eu direi delas, caso contrário não será preciso. Essas coisas não pedem resposta nem ressonância alguma em você: eu só queria que você soubesse do muito amor e ternura que eu tinha (e tenho) pra você. 
Acho que é bom a gente saber que existe desse jeito em alguém, como você existe em mim.

(Caio Fernando Abreu)

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Matemática

Chega uma hora em que você olha em volta e fica esperando que a pessoa responsável te ajude. 
E então você percebe que você é a pessoa responsável. 
Você é o adulto. 
Você é o único adulto ali. 
E você não é muito bom nisso. 
A vida é muito, muito mais difícil do que a matemática. 

(Trecho do filme "Matemática do amor")