sábado, 29 de outubro de 2011

Fica, vai?

E então resolvo: vou sair por aí acreditando em teorias que conspirem a favor do meu desejo que no momento é tão obvio e tão aparente. Procurando em livros de auto-ajuda esperanças vazias de que obviamente posso sozinha, apagar um eu e você tão grande que, em papelarias das diversas, não achei borracha proporcional. Não me prometeste nada, não me cobraste e tão pouco devolveu-me o que pedi. Hoje os outdoors pelas ruas me lembram o que ontem, eu prometi esquecer. Por força de pensamento, te estimulo a relembrar - onde quer que esteja - pelos anos que passaram. Talvez eu estivesse por maldade ou vaidade, tentando fazer você esquecer por horas, os antigos anos que passou sem mim. E a saudade é um sopro que me arrepia quando mencionam seu nome. Provavelmente o mesmo acontece com você. Ou não, provavelmente não. O jeito é torcer para que você, por Deus, por mim, queira. Sobre mim, meu coração é tão birrento quanto o dono. Vocês inexplicavelmente são iguais. Turrões, e voltados contra mim. E aí você já sabe: Quando o coração faz birra e se nega a esquecer, tudo fica bem mais difícil. O que me resta é a lembrança de quando eu, no auge dos meus anos bem vividos, tinha o poder sobre ambos. Outro dia aí, aconteceu: fui parar para recordar e me vi estonteada pelo perfume do qual tanto procurei nas lojas, o teu. Não me afobei para não assustar os passageiros de um ônibus tão lotado quanto os meus pensamentos que se confundiam no meio deles. O intuito do perfume era deixar você mais um pouco em mim, por mais algum tempo. Chegando em casa sentei-me em frente ao espelho e iniciei uma discussão didática para matar a saudade do que éramos juntos. E auto-critiquei nós dois... porque você ainda existe tanto em mim. E na gaveta da escrivaninha os papéis falam por mim, em um deles abreviei a palavra "saudade" com o intuito que em seguida, ela diminuísse... E nada. Dos quatro cantos do meu quarto te procuro, na última das hipóteses apelo a espiar pela janela. Esqueço um pouco... E lá vou eu abrir a geladeira para pensar em você. Engordando com a falta de você... Nos sonhos em que te encontro, sorrio só para você sorrir de volta e eu poder reconhecer se a covinha é a mesma. Fico séria; dessa vez observando a sobrancelha que muitas das vezes se levantaram ao me ver passar. E tanto questiono sobre o seu futuro: Quem é que vai entender a sua mania de falar as palavras ao contrário e responder seus trocadilhos sem graça sobre quaisquer que seja o assunto? Na verdade o que eu quero saber é: Quem vai caber em seu colo, se não eu? Quem vai aceitar teu mau-humor repentino em meio ao 'tudo dando certo' da vida?! Fracassei. E ao me reafirmar isso sorrio por raiva e por ser delicada o bastante para demonstrar qualquer outra emoção. A primeira instância, pessoas perguntam e procuram por nós. Por onde anda aqueles dois? Eu não sei, você sabe? Eu só sei, que juntos eles não andam mais. São dois bobos por estarem descompromissados. E lá se vão as terceiras pessoas comentando sobre nós. Não nos admiram mais, agora, que deixamos tudo isso escapar tão friamente de nossas mãos quentes. Desconfio que nos nomearam como fracos. Mas a gente ignora, só pra não perder o costume. Tu me conhece bem, sabe que não sou de convidar... mas se ainda estiver confuso eu sou capaz de arriscar: Fica, vai?

( adaptado de ClaraMentes )

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