"Lembro-me de tudo, menos do momento em que tomei a decisão.
Curiosamente, não tenho nenhum sentimento de culpa.
(...)
Eu podia dizer "sim" ou "não", ninguém estava me forçando a aceitar nada.
Ando pelas ruas, olho as pessoas, será que elas escolheram suas próprias vidas?
Ou será que elas também como eu, foram "escolhidas" pelo destino?
A dona de casa que sonhava em ser modelo, o executivo de banco que pensou em ser músico, o dentista que tinha um livro escondido e gostaria de dedicar-se à literatura, a menina que adoraria trabalhar na televisão, mas tudo que encontrou foi um emprego de caixa de supermercado.
Não tenho a menor pena de mim mesma.
Continuo não sendo uma vítima, porque podia ter tomado um sem-número de atitudes, entretanto, como a maioria dos seres humanos, deixei que o destino escolhesse que rumo tomar.
Não sou a única, embora o meu destino pareça mais ilegal e marginal que o dos outros.
Mas, na busca da felicidade, estamos todos empatados: o executivo/ músico, o dentista/escritor, a caixa/atriz, a dona de casa/modelo, nenhum de nós é feliz."
[ Trecho do livro "Onze Minutos" de Paulo Coelho ]
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