domingo, 27 de junho de 2010

Montanha-russa de sentimentos...

"Hoje passei diante de um parque de diversões. Como não posso ficar gastando dinheiro à toa, achei melhor observar as pessoas.
Fiquei muito tempo parada diante da montanha-russa: via que a maioria das pessoas entrava ali em busca de emoção, mas quando começavam a andar, morriam de medo e pediam para que parassem os carros.
O que elas querem?
Se escolheram a aventura, não deviam estar preparadas para ir até o final?
Ou acham que seria mais inteligente não passar por estes sobe-e-desce, e ficar o tempo todo em um carrossel, girando no mesmo lugar?
No momento estou sozinha demais para pensar em amor, mas preciso me convencer de que isso vai passar, e estou aqui porque escolhi este destino.
A montanha-russa é a minha vida, a vida é um jogo forte e alucinante, a vida é lançar-se de páraquedas, é arriscar-se, cair e voltar a levantar-se, é alpinismo, é querer subir ao topo de si mesmo, e ficar insatisfeita e angustiada quando não se consegue.
(...)
A partir de hoje, quando ficar deprimida, vou me lembrar daquele parque de diversões.
Se eu tivesse dormido e acordado de repente em uma montanha-russa, o que iria sentir?
Bem, a primeira sensação é a de estar prisioneira, ficar apavorada com as curvas, querer vomitar e sair dali.
Entretanto, se confiar que os trilhos são o meu destino, que Deus está governando a máquina, este pesadelo se transforma em excitação.
Ela passa a ser exatamente o que é, uma montanha-russa, um brinquedo seguro e confiável, que vai chegar ao final, mas que, enquanto a viagem dura, me obriga a olhar a paisagem ao redor, gritar de excitação."

[ Trecho do livro "Onze Minutos" de Paulo Coelho ]


E como diz aquela frase: "Às vezes me sinto como numa montanha-russa de sentimentos... "

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